Festival Cine73 2025 destaca filmes convidados e promove diálogos entre cinema e território
Obras selecionadas especialmente para o evento fortalecem a conexão entre o cinema regional e o público, com exibições, oficinas e atividades formativas
Entre os dias 18 e 20 de setembro, a Vila de Caraíva, em Porto Seguro (BA), será tomada por narrativas que cruzam ancestralidade, resistência e pertencimento. Na terceira edição do Festival de Cinema Regional Cine73, os filmes convidados ocupam papel central: não apenas complementam a seleção oficial, mas ampliam o alcance do evento, promovendo encontros entre o cinema e o público em espaços abertos, escolas e rodas de conversa.
Selecionadas por sua relevância artística e territorial, essas obras integram sessões especiais, mostras temáticas e atividades formativas, reforçando o compromisso do festival com a diversidade de vozes e linguagens.
Abertura com espiritualidade e memória ancestral
A sessão de abertura, no dia 18, será marcada pela estreia em festivais do média-metragem Teias da Terra, da diretora Nayara Domingos. O documentário-poético entrelaça os saberes das mulheres Pataxó, suas práticas manuais e cantos sagrados como expressão viva de resistência e conexão com o território.
Na mesma noite, será exibido o curta de animação Nossa Senhora, a Maramassa e o Siri, da cineasta indígena Vih Tanawara, da Terra Indígena Barra Velha. Inspirado na cosmologia Pataxó, o filme narra um conto simbólico sobre respeito, punição e recompensa entre seres da natureza e entidades sagradas.
Clementino Junior: cinema como ferramenta de autonomia
No dia 19, a Mostra Identidade Negra recebe o cineasta, educador e pesquisador Clementino Junior, referência no cinema negro brasileiro. Seus três curtas: Tião (2016), Curai-vos (2020) e Punhal (2025) serão exibidos na Praça da Igreja, seguidos por uma roda de conversa sobre produção audiovisual e autonomia criativa.
No dia seguinte, Clementino conduz o Encontro Profissional “Produção Audiovisual: Caminhos e Construção de Narrativas”, voltado para realizadores e estudantes da região. A atividade propõe reflexões sobre os desafios e potências da criação audiovisual a partir de experiências periféricas e afro-brasileiras.
Cinema nas escolas: escuta e formação
No dia 19, o Cine73 leva filmes convidados às escolas de Caraíva. Na Escola Municipal, será exibido Quem vê Close, não Vê Corre, de Thiago Mainá, que acompanha a rotina de três artistas negras paraibanas, uma mulher trans, uma indígena e uma PCD, em histórias de arte, inclusão e superação.
Na Escola Indígena Pataxó Xandó, o público assiste ao documentário Gente Verdadeira – Infâncias indígenas: Pataxó, de Chico Faganello, que propõe um olhar sensível sobre as infâncias indígenas e suas reflexões sobre o futuro da humanidade.
Encerramento com cinema regional
No dia 20, após a exibição dos curtas da Mostra Regional 073, o festival encerra com o média-metragem Quem Cuidará de Mim, dirigido por Derminal Pires, de Teixeira de Freitas. A obra acompanha a luta de uma família contra grileiros e mineradores para proteger seu lar e garantir o futuro de seu filho autista. Com narrativa intensa e sensível, o filme reafirma o papel do cinema como instrumento de denúncia e valorização das histórias locais.
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